Encontro reuniu organizações da sociedade civil para planejar a participação no evento global sobre mudanças climáticas
Pe. Silas Silva, SJ via Centro MAGIS Amazônia
No dia 18 de fevereiro de 2025, o Centro MAGIS Amazônia (CMA) participou da reunião do Comitê local da Cúpula dos Povos, realizada no Auditório Loyola, em Manaus/AM. O encontro contou com a presença de diversas organizações da sociedade civil, incluindo o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES) e o Fórum das Águas, além do Pe. Silas Silva, SJ, representando o CMA.
A reunião teve como objetivo planejar a participação das organizações do Amazonas na Cúpula dos Povos, evento que ocorrerá simultaneamente à 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), entre os dias 10 e 21 de novembro, em Belém/PA. Enquanto a COP 30 reunirá líderes mundiais, representantes governamentais e convidados, a Cúpula dos Povos será organizada por movimentos socioambientais, promovendo debates, seminários e manifestações voltadas para a justiça climática e a defesa dos territórios e comunidades amazônicas.
Debates e encaminhamentos da reunião
A reunião teve início com um momento de silêncio e oração pela recuperação da saúde do Papa Francisco, seguido pela exposição de Socorro Papoula (AMB Nacional) sobre a Cúpula dos Povos e os passos organizativos iniciados em 2024. Em seguida, os participantes discutiram temas centrais da pauta, incluindo orçamentos para deslocamento até Belém e estratégias de articulação local.
Matheus Amazônia apresentou uma proposta de orçamento para a viagem de barco, esclarecendo dúvidas sobre transporte e alimentação. Francisco Lira, do Fórum das Águas, alertou sobre a necessidade de planejamento local, pois nem todos poderão estar presentes durante a COP 30 e na Cúpula dos Povos.
Para esclarecer dúvidas sobre a relação entre COP 30 e Cúpula dos Povos, Socorro Papoula explicou que a Cúpula foi criada para possibilitar a participação popular, por meio de seminários, debates e manifestações, buscando influenciar as decisões dos líderes globais, fortalecer movimentos socioambientais e apresentar alternativas para a crise socioambiental. Além disso, destacou que há uma proposta de entregar uma carta do povo aos governantes, trazendo as principais demandas da sociedade civil. Socorro também apresentou os seis eixos de debate da Cúpula dos Povos: 1. Redução de emissões de gases de efeito estufa. 2. Adaptação às mudanças climáticas. 3. Financiamento climático para países em desenvolvimento. 4. Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono. 5. Preservação de florestas e biodiversidade. 6. Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Na segunda parte do encontro, foram formados Grupos de Trabalho (GTs), distribuídos da seguinte forma:
- Comunicação
- Logística
- Captação de Recursos
- Saúde e Bem-Estar
- Coordenação Geral
Após a definição dos GTs, os seguintes encaminhamentos foram aprovados:
- A próxima reunião da Cúpula dos Povos (AM) rumo à COP 30 será em 26 de março.
- Participação nas atividades realizadas na capital pelos movimentos que atuam na COP 30.
- Engajamento na Marcha das Mulheres (08 de março).
- Participação na Romaria das Águas (22 de março).
- Apoio ao Converge Amazônia na Semana Mundial da Água (17 a 21 de março).
- Criação de grupos de WhatsApp para a articulação dos GTs.
A reunião foi concluída com motivação e compromisso, destacando a importância da mobilização social para garantir a presença ativa da Amazônia na COP 30 e na Cúpula dos Povos.
Participantes destacam a importância da articulação
Para Mercy Soares, educadora social, a reunião fortaleceu o compromisso com a defesa da Amazônia e seus povos: “A reunião do Núcleo Amazonas da Cúpula dos Povos é um espaço de articulação e mobilização, onde são firmados compromissos entre movimentos sociais, organizações da sociedade civil e outros agentes. Esse encontro foi essencial para planejar ações coletivas em defesa da Amazônia, fortalecer redes de solidariedade e garantir que as vozes das comunidades sejam ouvidas na COP 30. Trata-se de uma articulação de luta, para que o povo tenha vez e voz em meio a tantos interesses tecnocráticos que estarão presentes no evento.”
O Pe. Silas Silva, SJ, também compartilhou sua visão sobre a reunião: “Fico muito feliz por termos um grupo que reúne diversos movimentos populares, sociais e eclesiais unidos na construção de um itinerário formativo para nos prepararmos e fortalecermos nossa presença na Cúpula dos Povos. A reunião nos motivou a continuar firmes nesse processo, buscando garantir uma boa representação da Região Norte nesse espaço de decisão sobre as mudanças climáticas.”
O colaborador do CMA, Israel Huka’i, falou o que significou para ele participar deste articulação rumo à COP e Cúpulas dos Povos, para ele “participar da Reunião Rumo à COP 30 foi importante para mim porque me fez entender como as decisões sobre o clima impactam diretamente meu povo e nossos territórios. Foi uma oportunidade de mostrar que a juventude indígena tem voz, força e conhecimento para ocupar esses espaços e lutar pela defesa dos nossos direitos e do futuro da Amazônia”.
A articulação local da Cúpula dos Povos segue avançando, com a expectativa de consolidar uma forte participação dos movimentos socioambientais do Amazonas na COP 30, promovendo um debate amplo e representativo sobre a justiça climática e a preservação dos territórios amazônicos.
