Pastoral Universitária de Roraima e UFRR promovem formação sobre ecologia integral e povos indígenas

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Encontro realizado no Instituto Insikiran- UFRR reuniu vozes indígenas, acadêmicas e religiosas em diálogo sobre direitos, cultura e preservação da Casa Comum

Maria Suely Pereira Corrêa, Irmã Ângela Maria Mabarzo- FMMDP, da equipe de coordenação da Pastoral Universitária de Roraima e Oiran Braga da comunidade, via MAGIS Amazônia

Na quarta-feira (2), foi realizado o II Espaço de Formação “Ecologia Integral e Povos Indígenas” no Instituto Insikiran da Universidade Federal de Roraima (UFRR), em Boa Vista/RR. A atividade ocorreu em dois turnos: pela manhã, das 8h às 11h45, com uma roda de conversa; e à tarde, das 14h às 17h, com uma oficina sobre boas práticas e experiências positivas relacionadas ao tema. A iniciativa partiu da Pastoral Universitária de Roraima em parceria com a UFRR, com o objetivo de promover momentos socioeducativos que favorecessem a reflexão crítica sobre a importância dos povos originários e suas lutas na preservação da Casa Comum, além de discutir os impactos do desequilíbrio ecológico nas comunidades indígenas e em seus direitos fundamentais.

O evento reuniu mais de 50 pessoas entre lideranças indígenas dos povos Wapichana, Macuxi e Yanomami, estudantes universitários, professores, representantes religiosos e membros das Pastorais diocesana e organizações da sociedade civil. A programação foi marcada por debates, partilhas culturais e apresentações. No período da manhã, o tema “Território, direitos e identidade na era digital” foi mediado por Gilmara Fernandes Ribeiro, Coordenadora do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) no Norte 1. A acadêmica  Carla Jarraira, indígena Macuxi da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, abordou o Marco Temporal. A escritora e pesquisadora Jama Wapichana falou sobre os desafios de preservar a identidade cultural em contextos digitais. Padre Corrado Dalmonego, Missionário da Consolata e doutorando na UNIFESP, relatou a resistência Yanomami diante da invasão garimpeira. Junto a ele, o acadêmico Alfredo Himotono Yanomami apresentou seu trabalho de pesquisa sobre os impactos do garimpo ilegal.

No turno da tarde, os debates sobre desafios em contextos urbanos, história da Igreja na causa indigena e importância do sonhar na resistência indigena, foram mediados pela Professora Márcia Oliveira, da UFRR. Maria Edna de Brito, missionária e educadora, compartilhou sua experiência de 41 anos junto aos Yanomami, abordando os desafios enfrentados na cidade de Boa Vista/RR. O historiador e Professor da UFRR Jaci Guilherme Vieira relembrou a atuação histórica da Igreja Católica junto à resistência dos povos indígenas. A antropóloga e Professora da UFRR Hanna Limulja apresentou o “Livro dos Sonhos Yanomami”, revelando o papel dos sonhos na resistência e na organização comunitária. Durante todo o evento, a feira de artesanato promovida pela Associação Kapói trouxe cestarias, colares de tucum, sementes e instrumentos tradicionais confeccionados por mulheres Wapichana e Macuxi. O encerramento foi marcado por uma roda de dança no malocão do Instituto, com músicas e coreografias indígenas em um gesto simbólico de aliança entre os povos.

Depoimentos dos participantes

Os depoimentos evidenciam o valor do encontro como espaço de resistência, partilha de saberes e defesa dos povos indígenas.

Carla Jarraira: “Sem a voz dos povos da floresta, não há justiça socioambiental nem ecologia integral possível.”

Jama Wapichana: “Preservar nossa língua, cultura e ritos nas redes sociais é um ato político. Usamos ferramentas digitais para evitar o apagamento da nossa memória.”

Alfredo Himotono Yanomami: “Ecologia para os Yanomami é cuidar da floresta, rios, animais, serras, nosso povo e os xapuripë (espíritos). Para os brancos, parece ser só ‘recursos’. 

Professora Márcia Oliveira: “Eventos como este são sementes de transformação. A universidade não pode ignorar os gritos da terra e de seus guardiões originais.”

Maria Edna de Brito: “Indígenas vivendo em situação precária na cidade são vítimas de um êxodo forjado pela invasão garimpeira. Trabalho há 41 anos com educação indígena, e os assuntos estão longe de se esgotarem – espaços como este precisam ser constantes.”

Professor Jaci Guilherme Vieira: “A atuação de missionários e missionárias que, com sua entrega e paixão pela missão em terras indígenas, salvaram muitos povos indígenas.”

Professora Hanna Limulja: “No mundo Yanomami, o sonhar tem muito a ver com a resistência indígena, porque o sonho, ao ser socializado na maloca, desempenha um papel político no dia a dia da comunidade.”

A formação alcançou seu propósito ao reunir saberes tradicionais e acadêmicos em um espaço de escuta, denúncia e esperança. A Pastoral Universitária de Roraima e seus parceiros pretendem dar continuidade a iniciativas como esta, reforçando o compromisso com os povos originários e com a ecologia integral.

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